O Óleo de Lorenzo (o sentido do sofrimento)
Guernica (Picasso).
Nunca vi tanto sofrimento junto em um filme. Os pais de Lorenzo descobrem que ele tem uma doença degenerativa, que ainda é pouco conhecida pela medicina. Os médicos (cientistas-lógicos-racionais-desapaixonados) afirmam que a criança não viverá mais por muito tempo. E, de fato, Lorenzo começa gradualmente a perder os sentidos.
Sofrimento após sofrimento, os pais – por causa de seu imenso dever-de-amor - não desistem de tentar salvar seu filho. Ambos se atiram a pesquisar sobre possíveis novos tratamentos que poderiam ao menos retardar a morte do menino.
Durante o filme, amigos e familiares chegam a sugerir que seria melhor abandonar qualquer tratamento e deixar Lorenzo morrer, por causa do sofrimento que ele estava passando.
Bom, não vou contar o final do filme, o que seria um crime. Mas quero dizer que a questão toda pra mim está aí, clara como um espelho (piada, os espelhos são os objetos mais labirínticos que conheço, mas vá lá...): por que mentimos a nós mesmos? Me explico: por que nos escondemos atrás de falsidades? Me explico ainda mais: no filme, as pessoas sugerem deixar Lorenzo morrer porque não agüentavam mais sofrer ao ver o sofrimento dele. Não era pelo sofrimento do garoto que elas imploravam o fim, mas pelo fim do seu próprio sofrimento.
Por que nos é tão difícil de enxergar um sentido no sofrimento? O filme aponta uma possível resposta: o sofrimento tem sentido pelo outro. Entende-se o sofrimento (o que não significa deixar de lutar contra ele) quando ele pode trazer um bem maior para o outro. Fora disso, é quase impossível. Espero que eu consiga viver isso quando sofrer.
Ah, ia me esquecendo: o filme é baseado em uma história real.
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