Lasciate ogni speranza?
Dante e Virgilio (1822), Eugene Delacroix.
Entrei no POP e dei de cara com esta chamada: “'Ela só pega o meu resto’, diz Lívia Lemos sobre Cicarelli”. Pensei, cá com minhas teclas: e eu com isso? Será que os redatores do POP não encontraram nada mais interessante pra colocar no ar? Sério, que diferença a notícia de que a Cicarelli “pega o resto” da Lívia Lemos vai fazer na minha vida? O jornalismo está perdido na selva escura (aquela mesma, Italiano!). Tomara que haja uma Beatrice a interceder por ele no Paraíso. Devo ter esperança?
posted by Pablito at 2:24 PM
2 Comments:
Atrevo-me a dizer q 'a selva' seja a da "Divina Comédia", uma das obras q o Italiano muuuito nos fala a respeito em aula (parece q ainda estudo com eles).
Não precisa ser da área pra notar o baixo calão das notícias, sendo Cicarelle estrela do momento as páginas jornalísticas. Depois que eu vi a parte de Esporte de um jornal aqui do Rio falando SOMENTE sobre o casamento do Ronaldinho, dando detalhes, mapa do tal castelo e todas essas informações SUPER úteis pra quem gosta de futebol... bem, não preciso nem dizer do meu desgosto. Sigo lendo os classificados.
bjos!
ÊÊÊÊ!!!
Eu ADORO a Divina Comédia!!! Já fiz trabalho de conclusão de semestre sobre ela, já me valeu uma nota dez em Teoria da Literatura I, já li inteira, sei os primeiros versos de cor, tenho ela em CD-ROM toda lida por atores de teatro italianos com todas as minúcias do texto explicadas... Adoro! Adoro! Adoro!
O mais legal é que se fores ver os arquivos do meu blog, acho que no segundo ou terceiro post (lá por dezembro!) eu dizia que a idéia original era chamá-lo de "Lasciate ogni speranza". ÊÊÊÊÊ
Agora quanto ao post, ainda acho que o jornalismo é muito reflexo do que as pessoas querem. Um marxista iria querer a minha cabeça, mas apesar de não negar uma mão nem tão invisível assim guiando seja a economia que a cultura, no fundo no fundo isso tudo é o que as pessoas pedem. Antigamente as velhas podiam ficar fofocando sobre fulana que chegou em casa tarde, agora numa sociedade de apartamentos onde muitos nunca viram o vizinho ("somos uma sociedade cristã e horizontal", disse o Quino pela boca da Mafalda sobre as pessoas que se definem pelo andar onde que moram) tem esta praticidade tecnológica das tele-fofocas.
De qualquer forma, mais que uma Beatrice eu preferiria um Virgílio guiando o jornalismo. O Purgatório pode ser uma grande obra metafísica, o Paraíso pode ser sublime, mas o legal da Divina Comédia é o Inferno mesmo. :P
E quanto ao pessoal da minha turma ser de sorte, ainda tenho certas dúvidas... ;)
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