Sunday, June 12, 2005

Aos enamorados


Namorados no Café (1950), Roger Chastel.

Soneto da Fidelidade

De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícus de Moraes.

3 Comments:

Blogger  said...

essa é a parte q os enamorados nunca entendem "Mas que seja infinito enquanto dure."
E q o dia seja todo o dia...
:)

8:28 AM  
Blogger Tiago Tresoldi said...

Claro que se entende! Que seja infinito enquanto dure, eis porque é necessário fazê-lo durar e não assumir que será eterno apenas porque existe. O Vinícius de Moraes entendeu perfeitamente - o ser infinito é um "estar", não um "ser".

9:23 AM  
Blogger Andréia Pires said...

Pra mim, esse é mais bacana:
Ternura


Eu te peço perdão por te amar de repente

Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos

Das horas que passei à sombra dos teus gestos

Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos

Das noites que vivi acalentado

Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo

Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.

E posso te dizer que o grande afeto que te deixo

Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas

Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...

É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias

E só te pede que te repouses quieta, muito quieta

E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.

10:06 AM  

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