Aos enamorados
Namorados no Café (1950), Roger Chastel.
Soneto da Fidelidade
De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícus de Moraes.
3 Comments:
essa é a parte q os enamorados nunca entendem "Mas que seja infinito enquanto dure."
E q o dia seja todo o dia...
:)
Claro que se entende! Que seja infinito enquanto dure, eis porque é necessário fazê-lo durar e não assumir que será eterno apenas porque existe. O Vinícius de Moraes entendeu perfeitamente - o ser infinito é um "estar", não um "ser".
Pra mim, esse é mais bacana:
Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.
Post a Comment
<< Home