Jô Soares e seus assassinatos
Se depender da ABL, Machado de Assis nunca descansará em paz.
O Juremir Machado, professor da PUC-RS, detonou com o último livro do Jô Soares. Em sua coluna no Correio do Povo, Juremir, com a ironia de sempre, disse que o romance do “gordinho simpático” é o pior que ele leu nos últimos dez anos.
Há quem goste do Jô. Eu, sinceramente, não. Acho que ele não tem tanta inteligência como dizem. Já o vi – mais de uma vez, diga-se de passagem - acabar com uma entrevista que teria tudo para ser ótima, se ele deixasse o entrevistado falar, em vez de ficar gracejando.
O Brasil é pródigo, infelizmente, em cultuar imbecis. Sobretudo, escritores imbecis. A própria Academia Brasileira de Letras (ABL), bem-fundada por Machado de Assis, é hoje um monumento dedicado à mediocridade literária e aos interesses econômicos. Ou alguém é capaz de me explicar de outro jeito como o Paulo Coelho e o Ivo Pitanguy estão lá dentro? E o Marco Maciel? E o que dizer, então, da passagem de Roberto Marinho por lá? Banalizaram o que era pra ser a casa da literatura no Brasil, banalizaram! E pensar que já ocuparam aquelas cadeiras escritores como Guimarães Rosa, Drummond, Manuel Bandeira, Olavo Bilac, Rui Barbosa e Álvares de Azevedo. E pensar que o Quintana (o “eu passarinho”) não conseguiu entrar pra ABL! “Viver é mesmo muito perigoso...”
Bom, irritações à parte, eis o imperdível final que o Juremir escreveu em sua coluna no Correio do Povo sobre o livro do Gordo que manda beijo:
Não há dúvida de que uma obra-prima como essa credencia Jô Soares a uma cadeira na ABL. Ao mesmo tempo, valoriza imortais sem obra como Ivo Pitanguy, que vestiu o fardão sem ter passado por tal vexame. A intriga não vale um suspiro quanto mais uma série de cadáveres. Jô Soares podia dar uma espiadinha no estilo contemporâneo dos romances de Fred Vargas antes de cometer seu crime contra a ecologia de 252 páginas. Há, porém, algo de original no livro: o nome do assassino já vem na capa.
4 Comments:
Muitas vezes não concordo com o Juremir Machado, mas desta vez não tive nada a acrescentar. Seria injusto da minha parte falar de um livro do qual nunca vi nem ao menos a capa, mas também acho que o Jô "não tem tanta corrida assim" (aliás, ele daria um ótimo professor universitário). O engraçado é que muitos censuram todas as vezes que nos colocamos contra estes blockbusters literários: até hoje continuo recebendo xingamentos simplesmente porque eu ousei dizer que o "Código Da Vinci" era um péssimo livro.
A ABL não passa de um coletivo para múmias. E o Roberto Marinho pelo menos podia alegar já ter publicado algo, nem que fosse no jornal dele. O mesmo para o Paulo Coelho: também não gosto das obras dele e especialmente de seu marketing, mas ao menos há gente que se aproxima da literatura graças às suas obras.
Agora, o final do Juremir é realmente uma obra prima. Muitas vezes eu queria ter essa pontinha de sarcasmo, confesso! :)
eu li isso..
Bem, infelizmente, o mercado editorial brasileiro valoriza coisas ruins. Pessoalmente, eu achei o Xangô uma das piores coisas que li em toda a minha vida (imagino o Arthur C. Doyle, se vivo, processando e esbravejando contra aquele absurdo literário) e não me arrisquei no Getúlio. :)
Que engraçado, é difícil ver pessoas criticando veladamente o Jô, creio que por justamente se ter a idéia de que ele seja um graaande intelectual do país(ele não deixa de ser grande :P). Até eu mesma, não tenho mta resalva em relação a ele, a não ser sua mania de intromissao nas entrevistas que mtas vezes enjoa. De livro dele, já tive vontade de ler, mas tem tanta coisa antes na minha lista de prioridades. Agora posso colocar todas opiniões em uma balança e ver o que ele faz, daqui pra frente, de uma maneira mais reflexiva.
E na ABL, até o Sarnei está lá! aarg cai na demoralização total!!
bjos!
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