Monday, September 12, 2005

Ausência, silêncio e meditação

Pois é, deixei o blog às traças. Como bem disse o Tiago, fiquei mais de um mês sem postar uma linha sequer. Por quê? Não sei, sinceramente, não sei. Mas garanto, com todas as minhas garantidas garantias, que não deixei de viver um mísero-mínimo-segundo deste agostúltimo. Aliás, vivi tantas, muitíssimas coisas: desenormes alegrias. E pensei muito, muito.... e ainda mais outro tanto! A qual conclusão, depois de tanto pensar, cheguei? Sim, à única possível: à de que não quero passar em branco pela vida., à de que quero deixar algumas marcas. Sim, à conclusão inconclusa de que quero, sim, quero aprender a amar, amando. (Gostei dessas crases todas, ultrajantes crases...).

Jornada
Prometo postar, em breve, algo sobre a 11ª Jornada Nacional de Literatura. De tudo, a alegria do Ariano Suassuna em ser escritor me impressionou, fascinou e entusiasmou. Em outras palavras: fiquei cheio de Deus, acreditem, ao ouvir aquele velhinho falar.

Mini-conto
Bom, fica um mini-conto que escrevi há pouco. Em verdade, não sei direito o que quis dizer com ele. Do jeito que saiu, saiu. Talvez seja um pouco apressado, prematuro. O que me consola, aquieta e incentiva é a paciência de vocês, os que me lêem com calma.

O silenciado
Era uma vez um dia que acontecerá. Os maiores músicos, reunidos com os mais respeitados matemáticos, constatarão, através de análises combinatórias e pacientes audições, que toda música já foi composta. Nada mais, nada mesmo, será musicalmente original: a repetição do repetido, apenas. Tristezas, tantas.
Porém, o que poucos sabem, ou desconfiam, é que mesmo um a pode vir a ser há. Reescrevo: quando tudo parece calmo, definido, é aí que o milagre estoura, mansamente. Certifico, dou fé.
Redefino.
Aconteceu, então, que um homem, doido dos mais, sertanejo, sujo e feio, poetizou:
"Eu quero a orquestra do silêncio humano, reticenciosa...".
Ninguém o entendeu, e talvez ninguém nunca entenderá nada mesmo: eis o imenso deboche desta nem tão divina comédia humana! Enfim, mataram-no, cantando. Silenciaram-no, sorrindo, silenciaram-no. Há, no entanto, quem jure, de pés e mãos juntas, que ainda o escuta nas noites de vento, a dizer silêncios, a cochichar liberdades, a assobiar o fim de fomes: as poesias, todas, sóis e girassóis!
Se o ouvires, em uma destas noites em que o vento assobia profundo, acenda uma vela, e reze, duas vezes reze: cante, em alto silêncio, cante.

2 Comments:

Blogger Andréia Pires said...

que alívio te ver de volta..

3:24 PM  
Blogger Fernando Diniz said...

andasse ouvindo a 4:33 do John Cage? hahaha

8:13 PM  

Post a Comment

<< Home